sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Analfabeto político não, mas não falo mais deles

Meu maior inimigo é o Estado, sempre, em qualquer circunstância, não importa nas mãos de quem ele esteja, meu maior inimigo é sempre o Estado. E o Estado tem poder demais, muito em parte porque nós atribuímos muito poder a ele. Todo mundo gosta de reclamar de política, e nunca adiantou porra nenhuma essa reclamação toda. Reclamar da política virou prazer. E toda vez que sentamos em um bar pra reclamar de política, estamos atribuindo poder ao Estado, estamos dando importância a ele. E ainda tenho que aguentar artista reclamando que o Estado não subsidia a cultura como deveria. Puta merda, Cervantes escreveu Dom Quixote numa cadeia no século XVII, só de imaginar a dificuldade pra descolar uma pena, tinta e papel nessas condições já me dá aflição, e ainda tenho que aguentar neguinho reclamando que sem a ajuda do Estado não dá pra produzir? Ora, então vão plantar batatas, não é figura de linguagem não, vão plantar batatas, porra! A única coisa que realmente espero do Estado é que ele ofereça escola e saúde pra população, e é só isso. De resto, prefiro saber do ex-presidiário que montou sua academia de boxe embaixo do viaduto, em São Paulo, e tá botando toda a molecada zoada e perdida do pedaço pra fazer ginástica e ocupar o corpo e a cabeça. Pergunta pra ele se teve ajuda do Estado, ou se ele espera alguma coisa do Estado. Se bobear, o Estado acaba arrancando ele de lá. O Estado é meu maior inimigo. Só isso quero do Estado, saúde e escola. Não tem escola? Vai lá no sebo e compra um livro, até nisso não precisamos do Estado. A América Latina já virou piada, e não é porque os gringos exploram, é porque a América Latina é corrupta, e ponto. Eu, se fosse dono de jornal, passava a dar nota pra esses filhos da puta. Tirava a política da primeira página, só dava manchete com o ex-presidiário e similares. Chega de falar desses caras, tira o poder deles, não tenho dúvida de que eles ficariam muito putos. Continuariam roubando como sempre, até muito mais, mas qual a graça se não sai mais na primeira página? Qual a graça se ninguém mais está falando deles nos bares? Qual a graça se a população resolveu dar uma banana do tamanho do mundo pra eles e resolver a encrenca sem consultá-los? Resolver a encrenca sem o Estado. É uma utopia do caralho, mas é a minha utopia, e por isso prefiro não falar em política. Falo muita bosta e boto umas coisas meio engraçadas por aqui, e não é por alienação não, é que me divirto muito com isso. Tô preenchendo aos poucos o vazio que ficou na minha cabeça depois de que resolvi dar uma banana pra política nacional, e tô preenchendo com um monte de outras coisas muito mais importantes e legais do que a política nacional, e incluo aí as paixões. E já já isso aí vai render frutos valiosos, sinto na pele. Não dou mais pelota pra esses caras, tenho mais o que fazer. Ruim com eles? Melhor sem eles.
E se a porra do mercado financeiro tá indo bem, se a economia tá bombando, não é por causo do Estado. É apesar do Estado.

Um comentário:

Bruno Barros disse...

Marcão.

Cara, senti a presença do Veríssimo. Putz, isso pra mim é um mega sinal.

Meu, tenho uma novidade quentinha; acabou de sair do forno.
Ei, vai na fé lá pro EPEAD... Traga boas novas!

Muito bom o texto, de verdade.